O modo de ver das pessoas e suas opiniões sobre os diversos assuntos e situações, sobre a conduta e princípios diferem completamente. As pessoas têm diversos modos de vida, cada qual de acordo com seu pensamento e visão sobre esta vida.
Como o homem lida com a vida mundana e tudo que nela existe de bem ou mal, com os afazeres, os bens, os desejos, os divertimentos…? Todos respiram o mesmo ar e vivem no mesmo mundo, porém têm visões totalmente diferentes sobre os diversos assuntos desta vida.
Qual o significado da vida? Existe uma outra vida além desta? Ao morrermos tudo se acaba? Por que vivemos? Por que morremos?
Como deve ser o relacionamento entre os humanos? Como lidar com as coisas ao nosso redor?
Quais os limites que o ser humano deve seguir nesta vida?
Como é o relacionamento entre o homem e a mulher? Qual a função e missão de cada um deles na vida? Qual o valor da honra e da virtude? Quais os costumes que o ser humano deve seguir? Até que limite deve seguir?
Qual o ser humano que merece respeito e reconhecimento? Quais as suas qualidades? É o rico? É o generoso? É o forte? É o temente a Deus? É o famoso? É o mais importante?
Qual a mulher que merece respeito e reconhecimento? É a mulher bonita? É a atriz? É a modelo que expõe e vende seu corpo? É a esposa fiel? É a mãe educadora? É a mulher que atenta os homens com suas vestimentas decotadas? É a mulher de honra e de família?
Faça qualquer pergunta e verá que as respostas serão variadas, e serão opiniões baseadas nos valores morais, nos acontecimentos e ambientes em que vivem os formadores destas opiniões. Esta divergência é natural e é resultado natural da divergência das mentes humanas e seus sentimentos e desejos, seus partidos e ambientes, seus interesses e aptidões, seus objetivos e metas.
Se o teu Senhor quisesse, teria feito dos humanos uma só nação; porém, jamais cessarão de discordar entre si, salvo aqueles de quem teu Senhor tenha misericórdia (orientando-o). Para isso os criou (para lhes dar de sua misericórdia com sua orientação) (11:118-119)
São bilhões de pessoas diferentes que possuem mentes diferentes, por isso vemos condutas diferentes, modos de pensamento e modos de vida diferente.
Aqui aparece explicitamente a misericórdia de Deus sobre os humanos e a dádiva que deus a eles. Não os deixou sem orientação, não os abandonou às suas próprias vontades e impulsos, aos seus interesses, aos seus conhecimentos limitados, às suas deficiências naturais. Para orientá-los lhes deu uma balança na qual podem pesar os diferentes aspectos da vida que podem atravessar seus caminhos na longa trajetória de sua permanência nesta vida. Assim, conhecem o que nela existe de benéfico ou prejudicial, bom ou mal, verdade ou mentira. Nesta balança pesam os valores, as ações, as qualidades, as pessoas, conhecendo através deste peso o valor de cada coisa, seja material ou significativa. Disse Deus, o Altíssimo: Enviamos os Nossos mensageiros com as evidências; e enviamos, com eles, o Livro e a balança, para que os humanos observem a justiça… (57:25)
Deus revelou sua orientação aos humanos através de Seus mensageiros para direcionar e orientar as opiniões divergentes e as condutas diferentes. Os conduziu ao caminho d’Ele para serem realmente felizes. Traçou os limites desta orientação e tornou obrigatório a observação destes limites.
Na época em que foi revelada esta orientação também existiam vários costumes, doutrinas e ideologias. Após a revelação do Alcorão, vemos que:
1. O que era benéfico e correto, o Islam o fez permanecer e o incentivou, como a honestidade que tinham, a preservação da honra que prevalecia entre os árabes da época, a vestimenta da mulher que já cobria o seu corpo naturalmente até chegar ao ponto de se reconhecer a mulher livre pelo véu que usava. (*) Hoje a mulher livre é a nua que vendeu sua honra, e a vestida que preservou seus valores a chamam de submissa e escrava!!!
2. O que é maléfico e prejudicial ao indivíduo e à sociedade, foi abolido sendo todos ordenados a abandonar tal costume qualquer que seja este costume e quer quem seja o acostumado, como o tribalismo, , idolatria extremamente difundida entre os nômades árabes, assassinato de crianças, bebida alcoólica, etc., tudo contestado por Deus no Alcorão e esclarecida a sua proibição.
3. O que é correto, porém era aplicado de forma errada e pecaminosa, trazendo prejuízo ao indivíduo e sociedade, o Islam fez permanecer estes costumes, porém corrigiu seus erros, como o casamento, divórcio, sistema de herança,os quais tiveram suas normas reveladas no Alcorão eliminando os erros cometidos antes de sua revelação.
Desta forma também age o muçulmano, de acordo com o peso e medida do Alcorão, praticando o correto, abandonando o incorreto e corrigindo o que pode ser corrigido e praticá-lo após tal correção.
Deus dá ao ser humano a livre escolha e o livre arbítrio de seguir ou não suas normas e orientações, porém este livre arbítrio não anula a obrigatoriedade de seguir Sua religião e Seu Livro. Todo ser humano dotado de mente e em sã consciência será responsabilizado perante Deus por ter ou não observado o que foi determinado por Deus nesta vida, por ter respeitado este “peso e medida”revelados por Deus para o bem do homem e da humanidade.
Após Deus ter enviado os mensageiros e revelado o Livro, temos dois grupos em relação a este Livro e estes mensageiros: crentes que atenderam a esta orientação para o seu próprio benefício e por sentirem sua dependência ao Criador, e descrentes que se negaram a seguir a Sua orientação, dividindo-se em vários agrupamentos, por não terem uma fonte única para formarem suas opiniões, por não terem um só “peso e medida”, e isto, como já citamos, resultado da própria divergência das mentes humanas…
No princípio, os povos constituíam uma só nação. Então (após terem se desviado), Allah enviou os profetas como alvisseiros e admoestadores e enviou, por eles, o Livro, com a verdade, para dirimir as divergências entre os homens. Porém, aqueles que o receberam só divergiram a seu respeito, depois de lhes terem chegado as evidências, por egoística teimosia. Porém, Allah, com a Sua graça, orientou os crentes para a verdade quanto àquilo que é a causa das suas divergências; Allah encaminha à senda reta quem o apraz. (02:213)
Assim, vemos os muçulmanos seguros com suas mentes ligadas à orientação de Deus e suas condutas relacionadas à “balança” revelada por Deus para pesarem suas ações, para saberem o que fazer e o que não fazer, o que é benéfico e o que é maléfico, como adorar à Deus, o que agrada à Deus e o que é detestável a Ele, como deve ser minha visão sobre os aspectos da vida, sobre as pessoas, etc..
O muçulmano que lê o Alcorão Sagrado e observa o que nele lê, tem a segurança de estar orientado por Aquele que foi o Originador da vida, por isso a conhece e conhece o que nela o homem deve ou não deve fazer. Assim, este muçulmano sabe porque vive, para que vive, como viver, e sabe todas as respostas que um ser humano sensato precisa para dar sentido à sua vida.
Esta “balança” é abrangente e completa, fato que não é de se estranhar, pois é a Lei estabelecida por Aquele que tem o conhecimento de tudo… somente Allah é o vosso deus. Não há mais divindade além d’Ele. Sua sapiência abrange tudo (20:98), por isso sua Lei abrangeu tudo que o ser humano necessita, e seu conhecimento abrange muito mais, cujo conhecimento é só d’Ele e não o informou a ninguém… (iassálunaka)
O muçulmano deve medir e pesar suas ações e conduta com a balança de Deus, sem dar prioridade à sua vontade. Assim estará seguro sob a sombra de Deus. Porém, se preferir outros pesos e medidas, estará a prejudicar a si próprio e à sociedade onde vive, pois nada do que foi estabelecido por Deus foi por acaso, mas há uma sapiência divina por trás deste estabelecido. Se algo é lícito, o é pela normalidade que possue e pelo benefício que pode trazer, e se é ilícito, o é pelo prejuízo que pode causar tanto ao indivíduo como à sociedade. E a partir deste peso temos a retribuição e o castigo no dia do juízo final.
Na balança de Deus esta vida mundana tem um valor e os muçulmanos a partir deste valor, são orientados a lidar com ela como lidam com algo que possuem temporariamente…E que é a vida terrena, senão diversão e jogo? Certamente, a morada no outro mundo é a verdadeira vida. Se o soubessem (29:64) … Que não vos iluda a vida terrena, nem vos iluda o sedutor, acerca de Allah (31:33) … O exemplo da vida terrena equipara-se à água que enviamos do céu, a qual mistura-se com as plantas da terra, de que se alimentam os homens e o gado; e quando a terra se enfeita e se engalana, a ponto de seus habitantes crerem ser seus senhores, atinge-a o Nosso desígnio, seja à noite ou de dia, deixando-a desolada, como se, na véspera, não tivesse florescido. Assim elucidamos os versículos àqueles que refletem (10:24)
E o profeta disse a Ibn Omar: “Seja nesta vida como se fosse um estranho ou um viajante”. E Ibn Omar, o qual ouviu este conselho dizia: “Se anoitecer não esperes amanhecer e se amanhecer não esperes anoitecer. E tome de sua saúde para sua doença e de tua vida para tua morte”.
Porém, no modo de pensar de quem não tem a balança de Deus e Sua orientação como guia, esta vida terrena é tudo, é a única chance que tem para aproveitar a vida, não tendo limites para satisfazer os seus prazeres, não conhecendo licitude e ilicitude, pois não espera um dia encontrar a Deus e ser julgado pelo que fez na vida… Dizem: Quando estivermos reduzidos a ossos e pó, seremos, acaso, reencarnados em uma nova criação? (17:49)… Acaso, quando morrermos e formos convertidos em pó (seremos ressuscitados)? Tal retorno está longe! (50:03). Esta ideologia formou-se quando olharam somente para a matéria e esqueceram a origem da criação e não observaram o poder de Deus na criação. Mas quem aceitou a orientação de Deus e testemunhou ser ela verdadeira crê na ideologia por ele revelada: A ressurreição e a vida eterna com julgamento, inferno, paraíso, sofrimento, conforto, etc..
E assim também são as várias ações do ser humano tem um peso e de acordo com este peso é estabelecido a licitude ou ilicitude de tal ação. Os que atenderam à orientação de Deus vêm esta ação como foi estabelecida (lícita, ilícita, benéfica, prejudicial, etc.). E os que não atenderam, têm inúmeras opiniões formadas acerca de tal ação, cada um baseado em seus interesses ou conhecimentos sem dar vez à orientação de Deus.
O adultério, por exemplo, na balança de Deus, é uma obscenidade e uma indecência. Disse Deus, o Altíssimo: Evitei a fornicação, pois é uma obscenidade e um péssimo caminho (17:32) E ainda o comparou à idolatria e ao assassinato dizendo: *(os servos de Deus são) aqueles que não invocam, com Allah, outra divindade, nem matam nenhum ser que Allah proibiu matar, senão legitimamente, nem fornicam; (pois sabem que) aqueles que assim procederem, receberão sua punição* (25:68-69). Na balança dos pregadores da libertinagem é um prazer que homem e mulher procuram por serem livres e terem o direito de satisfazer seus desejos como, quando e onde quiserem.
Qual a posição do muçulmano? Em que balança pesar esta ação, na balança de Deus ou na balança de uma parte dos seres humanos? Quem tem conhecimento pleno sobre todos os aspectos que abrangem tal ato e suas conseqüências? Quem te criou e sabe o que é bom para ti? Quem estabeleceu um sistema perfeito para satisfazer seus desejos carnais através da construção da família e da sociedade? Pense sobre tudo isso e escolha que caminho queres tomar!
O juro e a usúria, na balança de Deus, é um crime que causa a ira de Deus sobre quem o pratica. Disse Deus, o Altíssimo: Ó crentes, temei a Allah e abandonai o que ainda vos resta da usura, se sois crentes. Mas, se tal não acatardes, esperai a hostilidade de Allah e Seu mensageiro; porém, se vos arrependerdes, reavereis apenas o vosso capital. Não façais injustiças e não sereis injustiçados (02:278-279). Porém, no sistema atual dizem ser uma necessidade econômica atrás da qual querem monopolizar o mundo e deixar a massa dependente dos mais poderosos, destruindo as possibilidades de crescimento de um país e deixando seu povo cada vez mais pobre.
Qual a posição do muçulmano? É clara, é a posição da “balança” de Deus. Crê que o crescimento do mundo está na observação das normas de Deus e sem esta observação a desordem mundial, a miséria, a fome e a guerra continuarão. E Deus não mudará a situação do mundo até que mudemos nós os nossos íntimos e respeitemos a Deus e Sua Lei.
Vivemos num ambiente no qual prevalece o desrespeito a tais normas, a tais “pesos e medidas”, fato que nos leva a crer ser difícil observá-las. Tal é o fracasso de quem contentou-se com a situação, mesmo sendo uma situação errada. Devemos, dentro de nossas capacidades, condicionar o ambiente no qual vivemos ao nossos “pesos e medidas”, baseando-se na obediência à Deus, a qual pode ultrapassar os mais duros obstáculos.
Não é ético dizermos crermos na ilicitude do adultério, por exemplo, mas nos enfraquecermos diante da banalização do adultério na sociedade, praticando-o e estando de acordo com o que ocorre. No peso de nossa balança estamos fraudando e dando menos que o devido. A posição de um muçulmano sincero é procurar todos os meios possíveis para fugir de tal pecado, casamento, intensificar sua adoração a Deus, não freqüentar locais que podem desenvolver seus instintos, ter a fé de que o sistema de Deus é perfeito e que todo o mal que atinge o mundo é resultado do desrespeito às normas de Deus, que veja a AIDS, a destruição da família, a marginalidade, etc., tudo resultado do adultério e fornicação.
E você, ao se entregar à situação, estará sendo cúmplice, porém, se evitar e ensinar a sociedade a verdade, estará construindo uma sociedade melhor e cumprindo sua obrigação perante Deus.
Em todos os aspectos e em todas as situações, o muçulmano deve estar agarrado à verdade, mesmo que dificultoso e sacrificante. Tal é o caminho da verdade. Após falar sobre a divergência entre os homens, Deus fala aos crentes dizendo: Pretendeis acaso, entrar no paraíso, sem antes terdes de passar pelo que passaram os vossos antecessores? Açoitaram-nos a miséria e a adversidade, que o s abalaram profundamente, até que, mesmo o mensageiro e os crentes, que com ele estavam, disseram: Quando chegará o socorro de Deus? Em verdade, o socorro de Deus está próximo (02:214).
Cada ser é provado em sua fé de alguma forma, através da miséria, da fome, da tentação, da riqueza, e quanto maior a prova maior a recompensa de quem é firme e obediente à Deus.
E hoje, temos como base a nossa filiação à religião de Deus, ao Islam. E depois desta islamização, a fidelização às suas normas, a obediência à Deus e ao Seu mensageiro. Baseados na observância desta obediência poderemos viver fielmente à sombra da Lei de Deus em qualquer ambiente, em qualquer época, em qualquer lugar, com sabedoria e paciência, tendo a convicção e a consciência de que esta é a pura religião de Deus e de que este é o caminho da felicidade eterna.
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