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Laura (Aishah) Andrés Rossi Gougeon

De: Goiania, Goais, Brasil

Tudo começou com uma inocente viagem a Foz do Iguaçu (Paraná, Brasil) em janeiro de 2005. Meus pais estavam desistindo da viagem, pois achavam que nada de muito diferente haveria por lá. Comecei a buscar “atrações turísticas” e descobri que, além da belíssima Cataratas de Foz do Iguaçu, há, também, passeio safari, compras no Paraguai, templo budista e mesquita. De tanto falar, acabamos indo.

Eu gostei muito quando soube que lá tinha um templo budista e mesquitas, pois sempre gostei de tudo que é diferente! De conhecer novas culturas! E, além disso, estava sempre em busca de algo que me reconfortasse espiritualmente... o que nunca havia encontrado.

Bom, fomos a Foz do Iguaçu. Ao chegarmos, a primeira coisa que vi de diferente (ao menos era pra mim) era um monte de mulheres de hijab. Para todo o lado que olhava, elas estavam lá! E as achava lindas! Femininas! Mas ao mesmo tempo impunham respeito! Inicialmente apenas achei lindo, nada mais! E estaria mentindo se dissesse que sabia do que se tratava. Na minha cabeça (de ocidental dominada pela mídia em massa) eram apenas árabes e pronto!

E todos os dias eu enchia a paciência dos meus pais para irmos ao templo budista e à mesquita. Ao templo eu queria visitar para conhecer o que diz a filosofia mais exatamente. Sempre senti atração pelo budismo por achá-lo desprendido de bens materiais, luxúria e ostentação. E queria ir à mesquita apenas para tirar umas inocentes fotos...

Um dia de muita chuva fomos ao tal templo (depois de tanto alugar o pessoal). Ao chegarmos lá comecei me decepcionando... Particularmente nunca gostei de imagens e ídolos... E bem na entrada tinha um Buda de 3m de altura!!! E mais um monte de estátuas que não fazia a menor idéia do que significavam... Então, como sou curiosa, comecei a buscar pessoas ali que pudessem me explicar afinal sobre a filosofia e as estátuas... A única que encontrei era um coreano que não falava absolutamente nada de português. Nisso, chegou mais uma família. Como estava chovendo forte e queríamos todos conhecer o templo, o homem nos levou até o segundo andar, que era onde faziam os rituais. E lá estavam 4 Budas (todos pintados em dourado-ouro): um bem simples que ia “evoluindo” até um com cedro e coroa. E várias oferendas de frutas e grãos, velas e diversas estátuas nos cantos da sala... Aquilo não me agradou em nada, espiritual e visualmente falando. Achei o dourado dos Budas muita ostentação de riqueza, sobretudo no último Buda, que lembrava um rei poderoso (até mesmo pelo tamanho da estátua).

Saí de lá um tanto decepcionada... Queria saber mais, mas saí de lá sabendo menos ainda! Porque se acrescentou novas perguntas às que já existiam e todas acabaram ficando sem resposta...

Fomos embora. Aproveitamos e passamos na mesquita. Mas era final de tarde e estavam rezando. Portanto, não podíamos visitar naquele horário. Combinamos de voltar outro dia.

Enfim, no último dia de passeio, antes de pegarmos a estrada para virmos embora, torrei de novo a paciência do pessoal para passarmos na tal mesquita! Eu me negava a ir embora sem ir à mesquita! Então, fomos... Visitamos. O que mais me deixou intrigada é que nada havia para saber o que louvavam!! No templo budista tinha vários Budas, na católica vê-se imagens de santos para todos os lados, nas evangélicas o próprio nome muitas vezes já diz (“Jesus Cristo é o Senhor”)... Mas na mesquita não havia nada além de um púlpito e o carpete!! E uma dúvida latejante começou a surgir: “Mas afinal, no que eles acreditam?”. E como lá não havia nenhum muçulmano para esclarecer minhas dúvidas, peguei diversos panfletos que disponibilizavam na mesquita sobre diferentes assuntos. Li-os durante a viagem e comecei a me encantar pela religião!

Cheguei na minha cidade decidida a estudar mais sobre o que é o Islaam. Escrevi para sociedades e um Sheikh do Rio de Janeiro me ajudou muito. Tirava minhas dúvidas via áudio na Internet, enviou-me livros e textos. Durante quase um mês, tudo o que eu fazia era estudar o Islaam. E sempre que lia coisas novas sentia paz e tranqüilidade! Via lógica e razão em tudo! Finalmente tudo se encaixava e tudo fazia sentido! Descobri finalmente que glorificam a Deus! Só e exclusivamente a Ele!! Mas que a crença é completada pelos Livros por Ele enviado, em todos os Profetas, sem distinção, nos Anjos, no Dia do Julgamento e na Predestinação. E tudo tinha lógica, tudo se explicava!! E finalmente comecei a crer em Deus como eu jamais cri. Comecei a “senti-lo” como jamais havia sentido!! E hoje, quando me lembro, a vontade de chorar pela emoção dos sentimentos é enorme.

Então, depois de menos de um mês, em 13 de fevereiro de 2005, decidi abraçar o Islaam e ser submissa à vontade de Allah Subhana wa ta’aalaa! E o Islaam foi a minha paz, o meu sossego (de corpo e alma). Eu, que sempre fui “rebelde sem causa”, passei a me amar e valorizar mais, bem como às outras pessoas.

E hoje eu digo: Yaa Allah!! Quão Grandioso e Misericordioso é Tu, ó Senhor dos Mundos, que guia a quem quer e desencaminha quem quer. Louvado e Glorificado sejas Tu, Senhor do Universo, Único digno de louvor e adoração, pela graça do Islaam. Subhana Rabbial’Allah! Allahu Akbar!

Atualmente pratico e vivo o Islam quase que sozinha, pois onde moro, apesar dos mais de um milhão de habitantes e de ser uma capital, não há comunidade islâmica, mesquita ou qualquer coisa do gênero. Somos eu e mais cinco irmãos, mas o Islam mantém-se aceso em nossos corações e em nossas práticas, apesar de toda dificuldade, pois Allahu ta’aalaa nos basta.

Revisão: Lic. Muhammad Isa García

 

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