Liberdade religiosa no centro do primeiro forum Vaticano-Islão

O primeiro encontro de alto nível entre católicos e muçulmanos terminou quinta-feira no Vaticano com a adopção de uma declaração conjunta que sublinha a importância da liberdade religiosa e apela para um compromisso comum para um mundo mais justo.

Perante 58 delegados vindos do mundo inteiro, o Papa Bento XVI congratulou-se com este encontro inédito que, diz, “marca um passo suplementar no caminho de uma melhor compreensão entre muçulmanos e cristãos”.

A declaração conjunta apela para o “respeito das pessoas e das suas escolhas em matéria de consciência e de religião” e do “direito de os indivíduos e as comunidades praticarem a sua religião em privado e em público”.

Ela condena “a opressão, a violência e o terrorismo, particularmente o cometido em nome da religião”.

O texto sublinha também o espírito “caloroso e de convívio” que presidiu às discussões à porta fechada sobre as questões teológicas, éticas e sociais.

As trocas de pontos de vista foram de “uma franqueza inédita” nos encontros interreligiosos”, declarou um dos representantes muçulmanos, o italiano Yahia Pallavicini.

“Discutimos também palavras que irritam como islamofobia “, declarou o universitário católico francês Joseph Maïla.

“Acordámos que não era possível debater sem tocar nalgumas questões sensíveis como a liberdade religiosa”, indicou o intelectual muçulmano suíço Tariq Ramadan.

Bento XVI recebeu os 58 delegados da sumptuosa sala Clementina do palácio apostólico reservado às grandes ocasiões.

Sublinhou que a concepção diferente que muçulmanos e cristãos se fazem de Deus não deve impedi-los de manifestar o seu “respeito mútuo” e de agir juntos em favor dos seus próximos.

O Papa acentuou o respeito pela liberdade religiosa “por todos e por todo o lado”, um assunto crucial para o Vaticano numa altura em que as minorias cristãs são vítimas de violência ou forçadas ao exílio em numerosos países de maioria muçulmana.

Mas o universitário muçulmano norte-americano Seyyed Hossein Nasr alertou contra “um proselitismo agressivo” que seria conduzido “em nome da liberdade”.

Os responsáveis religiosos apelam também na sua declaração para “todos os crentes trabalharem num sistema financeiro ético cujo mecanismo de regulação tenha em conta a situação dos pobres e deserdados (…) e as nações endividadas”.

Um segundo encontro estás previsto para daqui a dois anos “num país de maioria muçulmana que ainda está por determinar”.

Este foro reunido sobre o tema do “amor de Deus” e do “amor do próximo” é fruto da iniciativa lançada a 13 de Outubro de 2007 por 138 dignitários muçulmanos na direcção dos cristãos intitulada “Um mundo comum entre nós e vós”.

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TM.

Lusa/Fim


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