- Escrito por Right Islam
- Publicado: 09 Junho 2013
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Um católico que rejeita a fé e adota a Filosofia e posteriormente aceita o Islã, devido a muitas perguntas não-respondidas. Parte 5: Uma viagem ao Egito e a aceitação do Islã.
Li outros livros sobre o Islã e encontrei passagens traduzidas por W. Montgomery Watt de “O que Liberta do Erro” do teólogo e místico Ghazali, que, depois de uma crise de meia-idade de questionamentos e dúvidas, percebeu que além da luz da revelação profética não existe luz na face da terra da qual se possa receber iluminação, o mesmo ponto ao qual meus questionamentos filosóficos tinham levado. Aqui estava, nos termos de Hegel, o Homem Sábio, na pessoa de um mensageiro divinamente inspirado que sozinho tinha a autoridade de responder a questões do bom e do mal.
Também li a tradução de “O Alcorão Interpretado” de A.J. Arberry, e me lembrei de meu desejo inicial de um livro sagrado. Mesmo em tradução a superioridade da escritura muçulmana sobre a Bíblia era evidente em cada linha, como se a realidade da revelação divina, ouvida vagamente toda a minha vida, tivesse agora se colocado diante de meus olhos. Seu estilo exaltado, seu poder, sua finalidade inexorável, sua maneira fantástica de antecipar os argumentos do coração ateu e respondê-los; era uma exposição clara de Deus como Deus e homem como homem, a revelação que impõe respeito da Unidade Divina sendo a revelação idêntica de justiça social e econômica entre os homens.
Comecei a aprender árabe em Chicago, e depois de estudar a gramática por um ano com um bom nível de sucesso, decidi pedir uma licença para tentar avançar na língua em um ano de estudo particular no Cairo. Também me atraía um desejo por novos horizontes, e depois de uma terceira temporada de pescaria, fui para o Oriente Médio.
No Egito encontrei algo que acredito que traga muitos para o Islã, a marca do puro monoteísmo em seus seguidores, que me impressionou de forma mais profunda do que qualquer coisa que tivesse encontrado antes. Encontrei muitos muçulmanos no Egito, bons e maus, mas todos influenciados pelos ensinamentos de seu Livro em uma extensão que nunca tinha visto em lugar nenhum. Já se passaram quinze anos desde então, e não posso me lembrar de todos, ou até da maioria deles, mas talvez aqueles que posso lembrar servirão para ilustrar as impressões que deixaram.
Um foi um homem no lado do Nilo próximo aos Jardins Miqyas, onde eu costumava caminhar. Encontrei-o orando em um pedaço de papelão, com o rosto voltado para a direção da água. Comecei a passar na frente dele, mas repentinamente me corrigi e andei à sua volta, para não perturbá-lo. Enquanto observava um pouco antes de seguir meu caminho, olhava para um homem absorto em sua relação com Deus, ignorando minha presença, e mais ainda minhas opiniões sobre ele ou sua religião. Para a minha mente, havia algo magnificentemente desinteressado sobre isso, ao mesmo tempo estranho para alguém vindo do Ocidente, onde orar em pública era virtualmente a única coisa que continuava obscena.
Outro foi um garoto do segundo grau que me saudou próximo do Khan al-Khalili, e porque eu falava um pouco de árabe e ele um pouco de inglês e queria me falar sobre o Islã, caminhou comigo vários quilômetros da cidade até Giza, me explicando o máximo que podia. Quando nos separamos, acho que ele fez uma súplica para que me tornasse muçulmano.
Outro foi um amigo iemenita morando no Cairo que me trouxe uma cópia do Alcorão a meu pedido, para me ajudar a aprender árabe. Eu não tinha uma mesa do lado da cadeira onde costumava me sentar e ler em meu quarto de hotel, e era meu costume empilhar os livros no chão. Quando coloquei o Alcorão do lado dos outros lá, ele silenciosamente se abaixou e o pegou, por respeito. Isso me impressionou porque sabia que ele não era religioso, mas ali estava o efeito do Islã sobre ele.
Outra foi uma mulher que encontrei enquanto caminhava do lado de uma bicicleta em uma estrada não-pavimentada do lado oposto do Nilo, em Luxor. Estava empoeirado e, de certa forma, mal vestido, e ela era uma mulher idosa vestida de preto dos pés a cabeça que estava caminhando e que sem uma palavra ou olhar, colocou uma moeda em minha mão tão repentinamente que em minha surpresa a deixei cair. Quando a peguei, ela tinha se apressado e afastado. Como ela pensou que eu fosse pobre, mesmo obviamente não sendo muçulmano, me deu algum dinheiro sem esperar nada, exceto o que havia entre ela e seu Deus. Esse ato me fez pensar muito sobre o Islã, porque nada parecia tê-la motivado, exceto isso.
Muitas outras coisas se passaram em minha mente durante os meses que fiquei no Egito para aprender árabe. Encontrei-me pensando que um homem deve ter algum tipo de religião e eu estava mais impressionado pelo efeito do Islã nas vidas dos muçulmanos, certa nobreza de propósito e generosidade da alma, um efeito que eu jamais tinha visto por qualquer outra religião ou mesmo ateísmo sobre seus seguidores. Os muçulmanos pareciam ter mais do que eu.
O Cristianismo tem seus pontos bons certamente, mas pareciam se misturar com confusões, e me encontrei mais e mais inclinado a olhar para o Islã por sua expressão mais completa e perfeita. A primeira pergunta que tínhamos memorizado em nosso catecismo tinha sido “Por que você foi criado?” Para ela a resposta correta era “Para conhecer, amar e servir a Deus”. Quando refleti sobre aqueles ao meu redor, percebi que o Islã parecia prover a forma mais abrangente e compreensível de praticar isso diariamente.
Quanto ao inglório destino político dos muçulmanos hoje, não senti que fosse uma mancha contra o Islã, ou que o relegasse a uma posição inferior em uma ordem natural de ideologias mundiais, mas o vi como uma fase baixa em um ciclo mais amplo da história. A hegemonia estrangeira sobre as terras muçulmanas tem sido testemunhada na profunda destruição da civilização islâmica no século treze pelas hordas mongóis, que arrasaram cidades e construíram pirâmides de cabeças humanas das estepes da Ásia Central até o coração das terras islâmicas, depois do qual a plenitude do destino trouxe o Império Otomano para elevar a Palavra de Deus e fazê-la uma realidade política vibrante que resistiu por séculos. Agora, refleti, era simplesmente o tempo dos muçulmanos contemporâneos se empenharem para uma nova cristalização histórica do Islã, algo que pode-se muito bem aspirar compartilhar.
Quando um amigo no Cairo me perguntou um dia por que eu não me tornava muçulmano, descobri que Deus tinha criado dentro de mim um desejo de pertencer a essa religião, que enriquecia seus seguidores, dos corações mais simples aos intelectos mais magistrais. Não é através de um ato da mente ou vontade que alguém se torna muçulmano, mas através da misericórdia de Deus, e isso, na análise final, foi o que me trouxe ao Islã no Cairo em 1977.
“Porventura, não chegou o momento de os crentes humilharem os seus corações à recordação de Deus e à verdade revelada, para que não sejam como os que antes receberam o Livro? Porém, longo tempo passou, endurecendo-lhes os corações, e a sua maioria é rebelde e transgressora. Sabei que Deus vivifica a terra, depois de ter sido árida. Elucidamos-vos os versículos, para que raciocineis.” (Alcorão 57:16-17)
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